Anoitecia cedo em Londres no mês de Janeiro. Tinha vagueado pelas ruas do centro da capital, em redor de Piccaddilly Circus , depois de um dia de trabalho , e preparava-me para voltar a casa. Os cartazes com publicidades coloridas ofereciam -me a luz necessária para me refugiar na leitura, enquanto esperava o autocarro que me levaria de regresso ao local que me concedia o conforto de lar — ainda que provisório. Nas minhas mãos, a vida triste de Esther Greenwood revelava-se, ao mesmo tempo que trazia reflexos da vida da autora. Era uma tristeza que não partilhava, mas pela qual inevitavelmente sentia algum tipo de identificação . Algumas passagens remetiam-me à própria solidão que eu sentia — e que se tornaria maior com o ano ao qual eu tinha acabado de dar as boas-vindas. Foi nesse compasso de espera, embrenhado pelas palavras de Sylvia Plath , com a forma da voz de Esther, que uma outra voz me t...
Conheça um pouco melhor os interesses e a imaginação que habitam a Escrivaninha.