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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2020

“-Se” ou “sse”?

Escrever e falar sem erros é mais difícil do que parece A confusão entre imperfeito do conjuntivo e a conjugação reflexa no presente do indicativo abunda  entre artigos, notícias, textos ou recados. Pois é, se oralmente toda a gente diz como deve ser, na escrita os erros revelam-se com toda a sua monstruosidade como se se revelassem as lacunas gramaticais que, no passado, também demos a ler aos professores nas composições dos testes de português. Por isso, hoje decidimos falar-vos sobre as diferentes entre aquele que é o pretérito imperfeito do conjuntivo e a conjugação reflexa, mandando passear a sombra que anda sempre a pairar sobre o hífen ou sobre os dois  ss , tantas vezes alvos de indesejáveis trocas e baldrocas. Vamos, então, a esclarecimentos. Vejamos os exemplos: a) Ultimamente  fala-se  muito em igualdade. b) Se eu  falasse  mais, trabalharia menos. Na frase a) estamos perante o  presente do indicativ...

Life in the Big City, de Will Eisner

Capa do livro Conheci Will Eisner, aquele que é considerado o pai da banda desenhada, através de uma novela gráfica intitulada  Um Contrato com Deus , tendo ficado, de imediato, rendida às pequenas mas universais narrativas e, sobretudo, aos desenhos cuja sensibilidade pulula tanto aos olhos de um leigo como de um ilustrador profissional.  Mas, apesar de este ser um livro cuja leitura e atenta apreciação aconselho vivamente, hoje falo-vos de uma outra obra do célebre desenhador e argumentista americano, intitulada  Life in the Big City . Com prefácio de Neil Gaiman — que, aliás, aconselho a lerem depois da obra em si, de modo a evitar revelações precoces no que à trama diz respeito — esta é uma novela gráfica que nos leva numa incursão pela vida diurna e noturna, solar ou soturna de Nova Iorque, ou, na verdade, de qualquer outra grande cidade. Afinal, é muito provável que os leitores se reconheçam, e de alguma forma se vejam retratados, nas cenas que compõem es...

Hamlet — uma merecida ovação ao filho do meio

Fotografia de  Vitorino Coragem O ciclo «Três Comédias, Três Tragédias» já é um evento anual para muitos dos que frequentam o Teatro do Bairro, para os apaixonados por William Shakespeare e até para os que não tiveram o privilégio de ler — ou ver encenada — toda a sua obra. Sim, depois do sucesso da sua interpretação de   Noite de Reis ,   Sonho de Uma Noite de Verão   e   Muito Barulho Por Nada , o   filho do meio   já nos habituou a deixar esta ida ao teatro marcada na agenda. E eu que o diga: fui de viagem durante um mês, mas não sem antes deixar reservados quatro lugares para começar 2020 ao som de   Hamlet , um dos textos dramáticos mais conhecidos de sempre. Reparem, não pode ter sido tarefa fácil. E por dois motivos. Primeiro, porque este ciclo encenado por  Luís Moreira  — que leva a palco uma peça por ano desde 2017 — começou por nos dar a sentir três peças em tudo muito diferentes de  Hamlet , da estr...

Vírgula, onde te quero?

Saber escrever com correcção passa por saber usar a vírgula | Fonte: Unplash Saber pontuar um texto é de extrema importância. Afinal, a pontuação pode interferir em muito com o sentido da frase. Mas muitas são as vezes em que temos dificuldade em pontuar e, em especial, em bem colocar, no texto, as vírgulas. A vírgula é especialmente importante porque permite marcar  pausas   na leitura , enfatizar determinados aspectos do texto em detrimento de outros, enumerar, marcar um vocativo, introduzir uma informação acessória etc. Afinal, todos nós conhecemos o célebre exemplo da frase que tanto pode pertencer a um detrator de Salazar — «Morte a Salazar! Não faz falta à nação!» — ou, por outro lado, a um apoiante do ditador português — «Morte a Salazar? Não! Faz falta à nação!». Tudo dependerá da pontuação. Pois é, a colocação da vírgula interfere, em muitos casos, com a semântica da frase. Por isso, vejamos alguns casos em que o uso da(s) vírgula(s) é im...

Chamar para, a, de e por

O que as crianças mais gostam de fazer é de chamar pela mãe | Unsplash Há uns dias perguntaram-nos porque é que, na música «Chamar a música» (da cantora e compositora portuguesa Sara Tavares), o verso não era «Chamar  pela  música» em vez de «Chamar  a  música, a música». Bem, como todos os profissionais da língua (que não, não têm tudo na ponta da língua), a verdade é que congelámos por um momento — ninguém está sempre preparado para um  quiz  à hora de jantar. Contudo, a resposta acabou por chegar com facilidade: No verso «chamar a música» não usamos a preposição  por  porque em causa está a utilização do verbo  chamar   como um verbo  transitivo directo  — isto é, um verbo que estabelece regência sem precisar de nenhuma preposição — a que se segue o artigo definido  a , que antecede (e introduz) o género e o número do substantivo  música . Ou seja, em «chamar a música» temos: chamar  — forma...