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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2021

A Gorda, de Isabela Figueiredo

A Gorda A Gorda , de Isabela Figueiredo, apresenta-se como uma interessante e inesperadamente leve experiência de leitura que me transportou para as memórias de Maria Luísa: uma mulher de meia-idade que nos conta várias narrativas sobre diferentes âmbitos da sua vida. Este primeiro romance da autora cativou-me pela sua linguagem simples e honestidade despretensiosa. Hoje conto-vos porquê. A estrutura do romance aproxima-se à de um diário ou à de um livro de memórias, sendo contado na primeira pessoa. Os títulos de cada um dos capítulos correspondem a diferentes divisões da casa, que por sua vez se relacionam com as diversas temáticas que Maria Luísa decide discutir em cada uma. As histórias que nos conta são episódicas e muitas vezes interrompidas, dando espaço para novos eventos para, mais tarde, serem retomadas — tal como a nossa memória habitualmente o faz. Nestas histórias ficamos a conhecer o grande amor da vida da personagem, a sua relação com os pais, a forma como lidava com o p...

Espoletando e despoletando granadas por essa língua fora

Granadas por essa língua fora Fonte: Pixabay Há uns dias ouvíamos  A beleza das pequenas coisas —  o podcast de Bernardo Mendonça no Expresso  —, desta vez com a Sara Barros Leitão. E, embora muito mais atentos ao conteúdo da entrevista do que à forma, não fomos capazes de não notar dois momentos que perpetuam uma imprecisão muito comum na língua portuguesa. Num primeiro momento, pergunta Bernardo Mendonça: «Mas houve algo que despoletou isso? Houve um gatilho para sentires essa urgência de ter voz e de ter mensagens a passar?» Mais adiante, diz Sara Barros Leitão, a respeito dos seus «medos e fantasmas»: «A partir do momento em que tu aceitas dar uma entrevista, como eu estou a fazer hoje, obviamente que eu saio daqui e penso: "Pronto, tenho medo do que é que isto vai despoletar ." Por exemplo, tenho medo do que é que se vai escrever, descontextualizando aquilo que eu digo (...)» Ora, «despoletar» é um verbo que, como nestes dois casos, é muitas vezes confundido com o ...

Diálogos entre a prosa e a poesia — parte I

Se a prosa e a poesia fossem amigas, o que diriam uma à outra?  Provérbios preferidos  Prosa : «Grão a grão enche a galinha o papo».  Poesia : «Para bom entendedor, meia palavra basta». Férias   Prosa : Vou para Tormes. Lá sinto-me bem. Poesia : Vou para Pasárgada. Lá sinto-me bem também.  Serões de família  Prosa : A minha família? Numerosa e faladora, como eu! Enchemos a casa toda e à noite contamos histórias. Fazemos grandes jantaradas, dialogamos muito!  Poesia : Quase todos discretos... Gostamos da noite e de resolver charadas... Ah e de gatos e corvos falantes.  Aniversários  Prosa : Celebro sempre com uma festa de arromba e convido toda a gente — sobretudo muitas personagens secundárias! Protagonistas? Não! Nos meus anos, a protagonista sou eu! Sim sim e não me importa que me acusem de ser meta-literatura! ( deitando a língua de fora ).  Poesia : Não gosto de fazer anos... É  sempre um dia nostálgico... No...